sexta-feira, 21 de novembro de 2008

OS "CAÇA CABEÇAS" DA MODERNIDADE


Carta enviada à RHC e nunca respondida, pelo que se torna legitimo torná-la pública.
(enviada faz agora um ano)




Exma. Sra. Dra. Ana Loya
Administradora da Ray Human Capital

É certo e sabido, alvo até de vários adágios populares, que em tempo de vacas magras se alargam bastante os limites éticos e morais do comportamento humano, é “fácil falar de barriga cheia”, dir-se-á dos que se mantêm inabaláveis na sua robustez de carácter, outros ainda, dirão que “quando a miséria entra pela porta a virtude sai pela janela”.
Contudo, enquanto indivíduos, sempre encontraremos uma adequada desculpa para a desvirtude, quanto mais não seja pela via do desânimo ou do lusitano “deixa andar”, na certeza de ter como último recurso para espiar os nossos “pecados” civilizacionais, uma classe política para a qual se pode arremessar sempre com a culpa dos atrasos estruturais e sub- desenvolvimento dos lusos gentios.
Se desta forma podemos falar de comportamentos individuais, o mesmo não é aceitável em organizações que se intitulam a si próprias de “ descobridoras de talentos”, ou em instituições públicas que operam nas áreas sociais de carência.
O talento não é raro nem escasso e é um traço distintivo e proeminente da natureza humana, é comum encontrá-lo na sua forma “bruta”, ou seja, na sua forma genérica e abstracta, que nem sempre obedece às limitações éticas e morais, estando mal focado e não raras vezes pouco estruturado por competências sociais e outras, tão necessárias ao eficaz e eficiente desenvolvimento pessoal e das comunidades.
Torna-se pois evidente, que as organizações que utilizam esta matéria-prima situada entre as duas orelhas e à qual muitos chamam capital humano, na tentativa de agregar valor aos próprios indivíduos e ao tecido social e económico, revertendo para si próprias mais-valias desse processo, enquanto negócio, devem ser exemplares nas palavras e nos actos, dando cumprimento à sua missão, que em mais de 90% dos casos, é o desenvolvimento do já referido capital humano, como factor primeiro do crescimento económico e social.
Apresentadas estas breves reflexões sobre a matéria-prima usada na empresa que vossa Ex.ª. administra, passo a dar-lhe conta dos motivos que me impulsionaram para lhe dirigir esta carta.
Quero assim referir-lhe a minha apreensão, ao verificar que enquanto vossa Ex.ª escreve em fórum apropriado no jornal Expresso, (caderno de emprego na rubrica Barómetro RH), investida de uma irrepreensível legitimidade editorial, um colaborador seu, ou da RHC, se preferir, produziu ou anuiu a que se produzisse, no caderno “Primeiro Emprego, integrante da edição do Correio da Manhã de 07 de Dezembro do corrente, uma peça jornalística, merecedora de algumas chamadas de atenção e perguntas que carecem de resposta adequada.
Nada de estranho nem de anormal se verificaria, não fosse o referido caderno um veículo de divulgação das ofertas de emprego disponíveis na rede de centros da responsabilidade do IEFP, Instituto do Emprego e Formação Profissional, constituindo algumas das ideias veiculadas na referida peça, um verdadeiro insulto à inteligência e dignidade das pessoas em situação de desemprego que consultem eventualmente o referido caderno.
Como com certeza será do seu conhecimento, e segundo dados do próprio IEFP, citados no Diário de Notícias de 23 de Novembro do corrente, “Os postos de trabalho disponíveis nos centros de emprego “oferecem” um salário de base médio que é 39% inferior ao ordenado médio praticado no País.”, Ainda no mesmo jornal diz-se que “ os empregadores apenas recorrem aos centros de emprego como último recurso.” E ainda diz que “O baixo valor salarial proposto também confirma que são sobretudo postos de trabalho pouco qualificados que estão disponíveis nos centros de emprego.”
É fácil, perante estes factos, verificar que não é este o segmento de operação da Ray Human Capital, pois representa uma fraca “coutada” para caçar talentos. Atendendo aos números e às declarações do responsável da RHC, os 230 talentos colocados em 2007 pela sua prestigiada empresa, não estavam concerteza contidos no universo de inscritos nos centros de emprego, ou mesmo a receber subsídio de desemprego, mas a ser verdade que pudessem ter estado, seriam 0,000.....1 % do volume de desempregados em Portugal.
Apesar do ranger de dentes, não vou arriscar qualquer adjectivação para caracterizar a referida peça jornalística em apreço, ela fala por si, direi antes, grita por si, mas perturba-me o facto de não saber se estamos perante um acto louvável de pura filantropia, quer por parte do Correio da Manhã ou da própria RHC, permitindo ao IEFP fazer a referida divulgação das oportunidades de emprego a custo zero, pois se assim não for, e, na hipótese do referido caderno ser pago com os dinheiros públicos do IEFP, estamos perante uma anacrónica parceria.
Gostaria agora de lembrar o último parágrafo da crónica que vossa Ex.ª escreveu no Expresso de 1 de Dezembro do corrente, em que diz entre outras coisas, “é preciso coragem da parte de quem manda!”, como verifica, é fácil arremessar à classe política “mandante” com o pecado da falta de mobilização da sociedade civil e respectiva falta de cidadania organizacional, de quem se encontra em posições empresariais de consultoria, com bons privilégios de acesso ao poder.
Podemos sempre pensar, sem ferir de morte a ciência política, num sistema de terciarização do governo, onde as empresas de executive search podem sempre “caçar” os talentos para “mandar”, pois os talentos adequados para “governar”, esses serão sempre, desejavelmente gerados em democracia, por voto popular, ainda que em ambiente neoliberal de inspiração meritocrática.
Mas convenhamos que a “entrevista” teve os seus méritos, quanto mais não seja pela frontalidade em assumir que uma das fontes, a principal fonte digo eu, de quem recruta no segmento dos top performers, é a bolsa de “talentos que já exercem noutras empresas”, actividade essa, ficámos a saber “é profundamente confidencial e envolta num certo charme”.
Regozijei-me no pensamento que “ Aos 35 anos não se é desesperadamente um caso perdido”, fiquei no entanto convicto que é acessório e jornalismo “rosa light” ficarmos a saber “dos gabinetes onde os passos são abafados pela lã dos longos tapetes de Arraiolos.”
Agora ponham-se os pontos nos is e alinhemos os factos com as ideias:
É facto que não me diz respeito absolutamente nenhum, em que jornais e como se posicionam, escrevem e se exibem os colaboradores da Ray Human Capital.
É facto que não me diz respeito absolutamente nenhum, a forma como o Correio da Manhã ou o Expresso, fazem a sua política editorial.
É facto que não me diz respeito absolutamente nenhum, a forma como um jornal privado como o Correio da Manhã se financia.
É facto e diz-me respeito, a forma como as instituições públicas se comportam na imprensa e a forma como gastam o dinheiro dos contribuintes.
É facto que a “entrevista” ou “peça jornalística” produzida e/ou autorizada pelo colaborador da RHC, pelo teor das suas “declarações ou comentários”, no mesmo caderno em que o IEFP publica oportunidades de emprego, pelos factos já elencados no parágrafo nono, não se adequa nem revela uma atitude socialmente responsável face ao objectivo do referido caderno.
Agora em conclusão, acreditando que a Ray Human Capital e os seus colaboradores perseguem objectivos de excelência e melhoria contínua, ao traçar a sua estratégia de crescimento económico e de valor, bem como a sua estratégia de responsabilização social, enquanto empresa actuante no partenariado do capital humano, deixo-lhes o convite para que se desloquem por uma vez que seja, a um centro de emprego da periferia.
Terão a grata experiência do contacto com o País profundo e real, como bónus, caros drs, se tiverem a possibilidade de entrevistar algumas das pessoas que por ali passam, para a “apresentação quinzenal” ou inscrição, terão a verdadeira lição sobre coragem, resiliência, responsabilidade social, talento, angústia, medo, etc.
Pegando mais uma vez nas suas palavras no Expresso de 1 de Dezembro, por favor façam na RHC um “refresh” do vosso mind set, e como disse o professor Freitas do Amaral na sua última lição “ Recomendo-lhes que não venham para cá sem antes relerem a Républica de Platão, a Política de Aristóteles e o 2º Tratado de John Locke: está lá practicamente tudo.”
Eu humildemente acrescento: o resto está entre Darwin e Damásio, entre Santo Agostinho e S. Tomás de Aquino.
Espero agora com sinceridade, que alguns milhares de pessoas, sensibilizados e inspirados com a leitura do artigo do seu talentoso colaborador, se sintam com um desejo irreprimível e com a responsabilidade de depositar um curriculum vitae no sapatinho da HRC, de cuja chaminé sairá decerto fumo branco, para poder-mos perguntar:
Habemus Talentu?

Sem mais
Sinceros votos de um feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos os colaboradores da
Ray Human Capital
Atentamente
José Manuel Carvalho


P.S. Tenham coragem!



A coragem não é um acto isolado, um impulso momentâneo. É uma acção completa e complexa que deve ser perseguida até ao seu objectivo final. Os maiores esforços não são os do início, mas os necessários, depois, para resistirmos às nossas fraquezas e aos obstáculos imprevistos que devemos enfrentar com paciência e sagacidade. A coragem não é só a virtude do começo, mas sim da prossecução, da conclusão e da clarividência.
FRANCESCO ALBERONI

terça-feira, 16 de setembro de 2008

CRÓNICAS DA ... Solidariedade Social

Trago de novo este tema, já postado em 2007, uma vez que creio que devo tornar público até à exaustão, e tanto quanto possível de forma consequente, a conduta do centro de emprego do Seixal (eventualmente extensível a outros centros de emprego) na condução de um processo nada "simplex" de pedido de uma "bolsa de formação por iniciativa do trabalhador".
repetição do post de 2007- episódio I

Esta crónica tem o objectivo simples contudo espinhoso, de dar a conhecer de forma continuada, as relações entre os cidadãos e a administração pública.Quando chegará o simplex aos centros de emprego?
Salvo melhor opinião, parece-me que o arrojado plano simplex tão defendido pelo actual governo, tem como principal finalidade a erradicação de algumas injustiças sociais e diminuição da "distância" dos cidadãos à administração pública. Ao diminuir a burocracia e consequentemente o tempo gasto pelos processos, tornando-os mais adaptados à realidade humana do que à rigidez da máquina administrativa, obter-se-á concerteza uma maior qualidade de serviço ao cidadão. É óbvio que é nos organismos da Administração Pública, responsáveis pela gestão da solidariedade social, em todas as suas vertentes, que o simplex deverá cumprir em pleno os seus desígnios. Seja no licenciamento de uma ipss, na atribuição de uma qualquer prestação social, ou ainda nos programas de reinserção ou combate à exclusão e à pobreza, é crucial que o simplex chegue rápidamente as estas áreas de carência.
Porém, apesar de tão grande nobreza de intenções e objectivos, vox populi dixit "de boas intenções está o inferno cheio", se não se acelerar com pujança e até com alguma brutalidade ideológica a modernização da máquina administrativa do estado, passar da retórica à práctica será uma miragem. Entenda-se por modernização, a alteração de comportamentos dos que "funcionam" na coisa pública, para que adoptem uma cultura de serviço motivada por valores de solidariedade institucional e cívica. É neste ponto que tenho que discordar com o Dr. Bettencourt Picanço, dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, não podemos esperar todo o tempo por todos os funcionários públicos, os que sistemáticamente resistem à mudança, os que criam entropia e forças de bloqueio à marcha do progresso, têm que ser removidos, seja por avaliação de competências ou avaliação de incompetências.
Para que se verifiquem como verdadeiras, ou pelo menos como não mentirosas as palavras que escrevi acima, passo a transcrever uma reclamação dirigida ao Centro de Emprego do Seixal, em termos bastante exemplares, na forma e no conteúdo. Por razões de salvaguarda da privacidade das pessoas, foi removida a identificação do/a reclamante.
Darei notícias da resposta)
José Manuel Carvalho

Exmo(a). Sr.(a) DirectorCentro de Emprego do SeixalAv. Marcos Portugal, 90Cruz de Pau2845-545 Amora
Corroios, 02 de Agosto de 2007Assunto: Reclamação/Pedido de EsclarecimentoRequerimento de Bolsa de Formação por Iniciativa do TrabalhadorExmo(a). Sr.(a) Director,Venho por esta via manifestar a minha profunda indignação quanto à falta de informação desse Centro sobre o Processo de Requerimento de Bolsa de Formação por iniciativa do trabalhador. Assim permita-me que faça uma breve resenha de factos:Encontro-me desempregada desde 01.06.06Em 09.02.07 foi definido o meu PPE em conjunto com a Técnica de inserção (Dra. xxxxxxxxx), no qual consta a Bolsa de Formação por Iniciativa do trabalhador, dado que considerei importante para a minha empregabilidade, efectuar o Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores e consequente obtenção do CAP. (Anexo 1)Dado que o IEFP não está actualmente a ministrar esta Formação, só me restou a opção de recorrer a uma Empresa privada, devidamente acreditada para o efeito e iniciar o processo de requerimento de Bolsa de Formação por Iniciativa do Trabalhador.Entreguei a documentação solicitada nesse Centro de Emprego, em 17.04.07. (Anexo 2)Tentei vários contactos telefónicos e via e-mail, sem qualquer sucesso, sem respostas. (Anexo 3)Até ao momento continuo no mais profundo silêncio desse Centro, razão pela qual dirijo esta missiva a V. Exa.Permita-me então que lhe coloque algumas questões, que se me afiguram pertinentes:Será que pelo facto de estar desempregada tenho de ser tratada como cidadã de 2ª classe, não merecendo uma resposta que seja?Será que esse Centro/Funcionários responsáveis estão conscientes da grave violação dum dos deveres básicos no relacionamento da Administração Pública com os cidadãos, nomeadamente o dever de Informação (Artº61º CPA), para já não falar dos princípios da Colaboração, Decisão, Desburocratização e eficiência, referidos nos Artigos 7º, 9º e 10º do CPA, respectivamente???Será que devo considerar o Indeferimento Tácito, nos termos do Artº109º CPA), dado que a esta data, já decorreram mais de 90 dias, mais precisamente 107 dias, desde a data que instruí o processo, junto dessa instituição? Vou ter de recorrer à Impugnação Judicial?Finalmente, não aceito que mais uma vez se desculpem com a falta de funcionários, grande volume de processos e até as férias, para não me darem uma resposta….107 dias Sr. Director????Apenas pretendia a atribuição da referida Bolsa, para custear despesas que já tive, honrando os meus compromissos. Efectuei a Formação no período mencionado no Processo, obtive a Classificação de Bom (Anexo 4) e pasme-se até já recebi ontem o meu CAP, emitido pelo IEFP/SNCP (Anexo 5). Afinal nem todos os Serviços funcionam mal!!!!Aguardo resposta atempada quanto a esta Reclamação e às pretensões que lhe deram origem, caso não obtenha qualquer contacto até 10 de Agosto, recorrerei aos meios judiciais e extra judiciais para garantir a defesa dos meus direitos.Sem outro assunto de momento, subscrevo-meAtentamente

quinta-feira, 13 de março de 2008

sexta-feira, 7 de março de 2008

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

PENSE DUAS VEZES ANTES DE DESPERDIÇAR ÁGUA


O mundo enfrenta uma grave crise humanitária devido à escassez de água, que provoca a morte a cerca de dois milhões de crianças por ano. Cerca de 34 mil pessoas morrem diariamente por falta de água potável. Apenas dois por cento da água da Terra é potável estando 87 por cento desta concentrada nos pólos sob a forma de gelo.
Da restante, uma grande parte encontra-se em lençóis sob a superfície terrestre.
Estimativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) apontam que cerca de três mil milhões de pessoas viverão em 2025 em países em conflito devido à escassez de água. África, por exemplo, que conta com apenas nove por cento dos recursos mundiais de água potável deverá 230 milhões de africanos com falta de água, daqui a menos de vinte anos.
O problema da gestão dos recursos hídricos está no sistema de distribuição, o qual faz perder 40 por cento da água. Na Europa, 18 por cento da população vive em países com escassez de água, entre os quais Espanha, Itália, Chipre e Malta. Por outro lado, as alterações climáticas agravarão a actual escassez de água em muitas regiões do Sudeste Asiático e da África, provocando um aumento da propagação de diversas doenças, como a malária, dengue, febre amarela e cólera, sobretudo na Ásia, África e América Latina.
As regiões que se encontram melhor preparadas para enfrentar as mudanças climáticas são a Europa e a América do Norte, apesar de também estas poderem vir a sentir os efeitos negativos do fenómeno.
Fonte: Relatório do desenvolvimento humano das Nações Unidas (2006)

RELATÓRIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO



Relatório do Desenvolvimento Humano 2007/2008



Combater a mudança do clima: Solidariedade Humana num mundo dividido. O relatório faz um mapeamento da ameaça representada pelas mudanças climáticas e afirma que o mundo caminha para um ponto em que os países e as pessoas mais pobres podem ficar permanentemente aprisionados num ciclo de pobreza. O estudo recomenda que as emissões de gases do efeito estufa, em 2050, sejam reduzidas em pelo menos 80% em relação a 1990. A publicação traz também o ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).