terça-feira, 31 de julho de 2007

O SONHO COMANDA A VIDA...alguém tem dúvidas?


Para todos os que ainda não perderam a capacidade de sonhar e lutar por um mundo melhor, para os que pensam tê-la perdido ou querem baixar os braços, aqui vai um lembrete sob a forma de poema:

A Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma. é fermento,
bichinho álacre e sedento
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.


Para os mais esquecidos…aqui ficam os créditos do poema… como dizia, apenas para os mais esquecidos.

Rómulo de Carvalho, professor, pedagogo e autor de manuais escolares, historiador da ciência e da educação, divulgador científico e poeta, nasceu em 24 de Novembro de 1906, na Rua do Arco do Limoeiro, em Lisboa. Filho de José Avelino da Gama de Carvalho, natural de Tavira, e de Rosa das Dores Oliveira Gama de Carvalho, natural de Faro. Fez a instrução primária no Colégio de Santa Maria, em Lisboa. Entre 1917 e 1925 estudou no Liceu Gil Vicente. Em 1925 matriculou-se no Curso Preparatório de Engenharia Militar da Faculdade de Ciências. Em 1928 mudou-se para o Porto, onde se matriculou no curso de Ciências Físico-Químicas, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que concluiu em 1931. Passados três anos realizou o Exame de Estado para o Ensino Liceal, iniciando a actividade docente no Liceu de Camões (Lisboa), continuando no Liceu D. João III (Coimbra) e, depois no Liceu Pedro Nunes (Lisboa), sendo aqui Professor Metodólogo a partir de 1958. A partir de 1946 foi um dos directores da Gazeta de Física, órgão da Sociedade Portuguesa de Física, cargo que exerceu até 1974. Em 1952 na Atlântida Editora (Coimbra), iniciou a publicação de uma colecção de livros de divulgação, onde, sob a forma de interessantes histórias, se referia à descoberta de importantes instrumentos científicos. A História do Telefone foi o primeiro título desta colecção, que continuou depois com a história da fotografia, dos balões, da electricidade estática, do átomo, entre outras. Em 1953 publicou o Compêndio de Química, para o 3º ciclo. Em 1956 publicou, com o pseudónimo de António Gedeão, o seu primeiro livro de poesia, Movimento Perpétuo (Coimbra), seguido de outros livros, Teatro do Mundo, em 1958 e Máquina do Fogo, em 1961. Em 1963 publicou a peça de teatro RTX 78/24. Em 1964, para comemorar o 4º Centenário do nascimento de Galileo Galilei, escreveu o "Poema para Galileo", que foi traduzido para língua italiana por Roberto Barchiesi, e publicado, em edição bilingue, pelo Istituto Italiano di Cultura. Este poema, musicado e cantado por Manuel Freire, conheceu uma grande expansão, tal como a "Pedra Filosofal", ou a "Lágrima de Preta".

PARQUE JOSÉ AFONSO, NO MIRATEJO

O SEIXAL PRECISA DO ZÉ Parte II


Apesar do período de férias se fazer sentir pela ausência quase total de respostas e tomadas de posição, não ficaremos de braços cruzados.

Na foto abaixo um exemplo da campanha que iremos iniciar.


SÓ PARA REFRESCAR! AFINAL É VERÃO




CONHECE OS OBJECTIVOS DO MILÉNIO?

CONFIRA EM BAIXO

Em 2000, durante a assembleia geral da ONU, 189 chefes de estado e de governo assinaram a Declaração do Milénio que levou à formulação de 8 objectivos de desenvolvimento específicos, a alcançar até 2015. Estes objectivos podem ser vistos de duas formas.Do objectivo 1 ao objectivo 7, definem-se as prioridades em termos de desenvolvimento básico a serem alcançadas nos próprios Países em Desenvolvimento. De facto, a realidade é que as populações de muitos daqueles Países não têm acesso a um sistema de educação condigno, a água potável e aos cuidados de saúde básicos.O objectivo 8 indica qual o papel que os Países Mais Ricos devem desempenhar para ajudar os Países em Desenvolvimento: mais e melhor ajuda para o desenvolvimento, perdão da dívida externa dos países mais endividados e mudança das regras do comércio internacional.
E este é também o papel de Portugal, como um dos Países Mais Ricos do mundo.

(Atenção! não é erro, segundo ao indicadores da ONU, relativos ao desenvolvimento sócio-económico, Portugal já faz parte do clube dos mais ricos.)


Reduzir para metade a pobreza extrema e a fome: Somos quase 6 mil milhões de habitantes neste planeta. 1,2 mil milhões de nós sobrevive em condições de extrema pobreza, isto é, vive com menos de 0,85 euros por dia.

Alcançar o ensino primário universal: Cerca de 115 milhões de crianças no mundo não vão à escola. 876 milhões de pessoas no mundo são iletradas, dois terços das quais são mulheres.


Promover a igualdade entre os génerosDois terços dos analfabetos no mundo são mulheres e 80% dos refugiados são mulheres e crianças. Em muitos países as mulheres não têm direito à herança do marido, ficando desamparadas quando ele morre, não têm direito de voto nem de se associar nem de escolher o marido.

Reduzir em 2/3 a mortalidade de crianças: Para além dos 6,3 milhões de crianças que morrem de fome anualmente mais 13 milhões morrem antes de atingirem os cinco anos por causas evitáveis, tais como diarreia.

Reduzir em 3/4 a taxa de mortalidade materna: Mais de 500.000 mulheres morrem, por ano, durante a gravidez ou o parto: 99% destas mortes ocorrem em países em desenvolvimento.


Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças: 1 milhão de pessoas morre por ano de malária e mais 2 milhões depessoas morrem de tuberculose. Estima-se que entre 34 a 46 milhões de pessoas vivem com SIDA/HIV e entre 2,5 e 3,5 milhões de pessoas morreram de SIDA em 2003.

Garantir a sustentabilidade ambiental: 2 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a fontes de energia regulares. 1000 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável. 2,4 mil milhões de pessoas no mundo não podem contar com a melhoria do seu sistema sanitário.

Criar uma parceria mundial para o desenvolvimento: 15% da população mundial vive nos países ricos, embora sejam responsáveis por 50% das emissões de carbono no mundo e 20% da população mundial consome 80% dos recursos do nosso planeta. Nos próximos 25 anos a população mundial vai aumentar de 6 para 8 mil milhões de habitantes, mas a maioria vai nascer nos países mais pobres. Muitos países pobres gastam mais com os juros da dívida externa do que com a resolução dos seus problemas sociais.

domingo, 29 de julho de 2007

DALAI LAMA LISBOA 2007



Pois é caros amigos e leitores, acabei de receber os bilhetes para os 3 dias de ensinamentos do Dalai Lama, no próximo mês de Setembro. Sem dúvida, pelo menos para mim, que se trata de uma live time experience, poder estar e ouvir de forma quase intimista (a ver bem são só cerca de 1200 pessoas), o lider espiritual dos budistas e prémio nobel da paz. Confesso que estou curioso e expectante, não porque esteja a pensar em rapar a cabeça e emigrar para o Tibete (às vezes apetece), mas porque quero ouvir os ensinamentos de forma directa, sem filtros, reflexões, comentários ou teses em 2ª mão. Interessa-me sobretudo escutar as palavras de sabedoria, tão necessárias ao entendimento do mundo complexo, dinâmico e desafiante em que vivemos. Será decerto uma experiência positiva, de paz e serenidade, em contraponto com as dificuldades e ansiedade dos dias que correm.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

O SEIXAL PRECISA DO ZÉ


Afinal o Zé faz falta!

Faz falta à família, aos amigos, ao patrão, ao governo, ao partido, faz falta à associação de pais, ao clube de futebol, às ONG´s, às IPSS´s, e ainda, à sua autarquia.

Então afinal porque se queixa o Zé, quando é tão entusiasticamente demandado para que exerça os seu direitos e deveres de cidadão? Onde está o défice democrático e de cidadania?

Antes de prosseguirmos nesta reflexão, peço-vos que leiam a cartita abaixo, recebida pelo Zé, juntamente com a factura da água do corrente mês, na qual o presidente da sua autarquia o convida (compulsivamente) a participar (financeiramente) num grande projecto de defesa do meio ambiente.

Então porque não rejubila o Zé com tão honrosa participação, pois até tem em casa um pequeno contentor ecológico de separação de lixo, ouve atentamente os srs. ambientalistas da Quercus, o sr. Al Gore e acompanhou com grande atenção o tema da co-inceneração, vejam bem que o Zé até se preocupou em saber como recicla os óleos usados, a oficina em que leva o carro à revisão, sim, porque o Zé conhece a norma de certificação ambiental.


Peço aos leitores que tentem ler atentamente a carta supra, pois pode perfeitamente ocorrer o mesmo na vossa autarquia, ou seja, à falta de financiamento do "poder central", lá se inventa mais uma taxa, aproveitando para atirar umas atoardas ao governo, pois 2009 e as eleições estão quase aí.

No mínimo despudorada, esta carta é um verdadeiro atentado à inteligência dos municipes "sulistas", minimizando bastante a "ofensa" do ministro Mário Lino, pois afinal a margem sul, pelo menos no que diz respeito ao Seixal, é mesmo um deserto de cidadania e luta pelo bem estar dos cidadãos.

Impera o livre arbitrio e a discricionaridade de autarcas "funcionários" do aparelho partidário, o presidente Jardim não está só, não concorda com a lei? não a cumpra! Se tiver poder para tal, invente uma qualquer derrama, taxa, coleta, multa, enfim qualquer coisa que traga o cidadão à coacção.
É vergonhoso que as forças políticas para além de tudo o que já exigem do Zé, ainda o usem como arma de arremesso (vulgo carne para canhão) para a guerrilha partidária de propósitos eleitoralistas.

Convivi durante quase 40 anos com as tonalidades vermelhas da margem sul, quase cheguei a acreditar na generosidade e bonomia do comunismo e na luta da classe operária, construi um quase ideário romântico acerca do altruista e bom "camarada" do partido, infelizmente esse ideário esboroou-se com o passar dos anos, dando lugar à fria realidade da vivência numa península empobrecida pela tacanhez, mediocridade e ineficácia dos seus "barões vermelhos da política" .

Não aceito lições de democracia nem de autenticidade civica e civilizacional de tão pobres autarcas e não calarei a minha voz sobre tais arremessos de prepotência.

Acautelem-se pois os leitores, não tenha a vossa autarquia por aí um projectozinho para inaugurar em 2009. Vamos ver como será conseguido o financiamento com a sobrendividada Câmara de Lisboa.

Finalizando pergunto:

Onde estava o sr. presidente da Câmara do Seixal no 25 de Abril?

... Pronto! Já sei ... a combater os fascistas, a lutar pela liberdade, a construir a ditadura do proletariado, a lutar pelos mais desfavorecidos...blá ... blá ....

Proponho que na famosa frase nacional, que nem vale a pena referir, por tão conhecida, se substitua MEXILHÃO por Zé.

QUO VADIS PORTUGAL!

quinta-feira, 26 de julho de 2007

MÁQUINA DO TEMPO


Recuemos 2500 anos e ouçamos Aristóteles, dizia ele:

(...) qualquer forma de governo é boa, se os titulares do poder o exercerem no interesse de todos; se porém os governantes utilizarem o Poder em benefício próprio, ou só no interesse de alguns que lhes sejam próximos, então a forma de governo estabelecida na Constituição degradár-se-á, e terá de ser considerada como degenerada (Política, III, V, 1-4). Não costuma durar muito até que alguém a modifique, para a regenerar.

Meditemos bem sobre estas palavras sábias do Estagirita (III, IV, 7):

É pois evidente que todos os governos que têm por fim a utilidade comum dos cidadãos, são bons e conformes à justiça (...); mas todos aqueles que visam senão o benefício particular dos homens que governam, acham-se no mau caminho; não são senão corrupções ou desvios dos bons governos. A sua autoridade é despótica, como sobre os escravos, enquanto a Cidade, ou sociedade política, é uma comunidade de homens livres.

Em síntese: a Cidadania mais completa, e na sua máxima pujança, consiste em, através do voto, os bons cidadãos, sempre que possível, escolherem bons governantes e, quando necessário, expulsarem os maus governantes.

É essa a grande lição da antiga democracia ateniense, tão válida hoje como há 25 séculos (...)

(Freitas do Amaral in Cidadania Uma Visão Para Portugal, pags.36 e 37)