quinta-feira, 26 de julho de 2007

MÁQUINA DO TEMPO


Recuemos 2500 anos e ouçamos Aristóteles, dizia ele:

(...) qualquer forma de governo é boa, se os titulares do poder o exercerem no interesse de todos; se porém os governantes utilizarem o Poder em benefício próprio, ou só no interesse de alguns que lhes sejam próximos, então a forma de governo estabelecida na Constituição degradár-se-á, e terá de ser considerada como degenerada (Política, III, V, 1-4). Não costuma durar muito até que alguém a modifique, para a regenerar.

Meditemos bem sobre estas palavras sábias do Estagirita (III, IV, 7):

É pois evidente que todos os governos que têm por fim a utilidade comum dos cidadãos, são bons e conformes à justiça (...); mas todos aqueles que visam senão o benefício particular dos homens que governam, acham-se no mau caminho; não são senão corrupções ou desvios dos bons governos. A sua autoridade é despótica, como sobre os escravos, enquanto a Cidade, ou sociedade política, é uma comunidade de homens livres.

Em síntese: a Cidadania mais completa, e na sua máxima pujança, consiste em, através do voto, os bons cidadãos, sempre que possível, escolherem bons governantes e, quando necessário, expulsarem os maus governantes.

É essa a grande lição da antiga democracia ateniense, tão válida hoje como há 25 séculos (...)

(Freitas do Amaral in Cidadania Uma Visão Para Portugal, pags.36 e 37)

4 comentários:

Anónimo disse...

Urge repensar a cidadania e voltar aos antípodas da sua criação, afinal como vulgarmente se menciona "não há que reinventar a roda", há sim que voltar aos planos originais de concepção da "roda" que parecem esquecidos de todos nós, cidadãos deste país à beira mar plantado que vivemos confortavelmente adormecidos nos nossos Direitos/Deveres, apenas despertando e nos insurgindo quando algum acto discricionário da Administração Pública nos lesa os nossos interesses egoístas...estamos a anos luz do "Bem Comum" e dos mais básicos princípios de solidariedade social, marcas indubitáveis dum Estado Social de Direito.
Bem Hajas pela ousadia, continua a promover este espaço de reflexão, cá estarei para também deixar a minha modesta contribuição.
PA

Unknown disse...

Gosto imenso dos temas que abordaste e acho-te bastante corajoso. Não sabia que o Dalai Lama vinha a Portugal, tenho um interesse muito especial na mensagem dele. As fotos fizeram-me "crescer água na boca".

Paula Isabel

Anónimo disse...

Excelente exemplo de Cidadania.
Clareza. Como todas as coisas importantes na vida : SIMPLES.

Parabéns!

^José Carlos de Brito Paulo^

Anónimo disse...

Não há máquina do tempo que não se conheça, nem desemprego que não se prolongue, nem ganância que não sobeje,nem discurso político que não seja batido, nem oportunidade que se agarre, nem felicidade que perdure ou agonia que se prolongue.
O tempo tem a sua máquina voltada para o hoje, porque o ontem (para muitos) é museu e para outros será sempre o desconhecido.
Hoje somos, cada vez mais, solidários com o nosso próprio egoísmo e a cidadania tornou-se, lamentavelmente, numa palavra de moda oca e até hipócrita.
Derrotista? Eu? Nunca....porque enquanto a minha máquina funcionar, bem ou mal, os ensinamentos virão do meu tempo, do tempo de todos, do tempo de viver.
Parabéns pela qualidade do blog....até porque não esperaria outra do meu amigo e respectiva comentadora.
Boas férias e gozem bem esse tempo na vossa infernal máquina!